Do latim civitas, que significa “conjunto de direitos atribuídos ao cidadão” ou “cidade”, é difícil datar com precisão o aparecimento do seu conceito. Sabemos que o seu significado clássico associava-se à participação política. Sua origem remonta à Grécia Antiga, que nos liga a ideia de pólis como comunidade constituída por indivíduos livres, autônomos, participantes da vida pública. Aristóteles define o cidadão como aquele que possui poder para participar de decisões legais e políticas, deliberativas ou judiciais, podendo governar e ser governado.
Segundo Saviani (2013, p. 1) a educação não institui a cidadania, mas e através dela que pode ocorrer a mediação do conhecimento humano:
“Assim, a educação é entendida como instrumento, como um meio, como uma via através da qual o homem se torna plenamente homem apropriando-se da cultura, isto é, a produção humana historicamente acumulada. Nesses termos, a educação fará a mediação entre o homem e a ética permitindo ao homem assumir consciência da dimensão ética de sua existência com todas as implicações desse fato para a sua vida em sociedade. Fará, também, a mediação entre o homem e a cidadania, permitindo-lhe adquirir consciência de seus direitos e deveres diante dos outros e de toda a sociedade… Em outros termos, pela mediação da educação, será possível construir uma cidadania ética e, igualmente uma ética cidadã. (SAVIANI, 2013, p. 1)”.
Segundo Santos (1987, p. 7 apud BRZEZINSKI; SANTOS, 2015, p. 14), “No campo da retórica, o conceito de cidadania é um dos mais proclamados, anunciados e prometidos, mas, no campo dos fatos, é também um dos mais negligenciados”. Pois para ele, geralmente, ser cidadão, implica em uma serie de obrigações que vem na contramão dos nossos direitos, o que faz com que muitas pessoas se apoiem na falsa ideia de que cidadania nos oferece apenas direitos, “ esquecendo –se” de praticar também os deveres de cidadão frente ao pais.
Deste “esquecimento”, que ocorre muitas vezes por comodidade, surge a importância da educação, que através dos tempos adquiriu a responsabilidade de formar cidadãos conscientes de suas decisões e obrigações, com o poder e dever de contribuir para a formação de uma sociedade mais justa e igualitária, com condições de acesso a todos, independente de condição social. Educar para a cidadania é um dos temas mais debatidos pelas instituições de ensino na atualidade, no entanto, se questiona que cidadãos estão se formando e se realmente as escolas possuem capacidade e autonomia para essa formação, e como essa demanda de conhecimento pode ser adaptada aos planejamentos de escolas e professores.
Cabe a nós como educação e educadores, que temos o importante papel de formadores de opinião, encontrar e buscar formas de demonstrar aos nossos alunos a grande relevância da cidadania e, formar cidadãos transformadores e comprometidos com o progresso da nossa sociedade, cobrando e exigindo seus direitos que lhes são assegurados por lei, mas também preparados para cumprir com seus deveres, visando sempre, a construção de uma sociedade cada vez mais igualitária, baseada nos ideias de justiça social e no bem comum.
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. A política – Volume 61. [s.n.]: Martin Claret, 2006. (Coleção a Obra-prima de cada autor).
SAVIANI, D. Ética, educação e cidadania. Revista n° 15. Disponível em: http://portalgens.com.br/portal/images/stories/pdf/saviani.pdf. Acesso em: 18 jan. 2017.
Fonte: Juliano Antonio da Silva