O turno único nas prefeituras é uma prática adotada por alguns municípios, em que o expediente dos funcionários públicos se concentra em apenas um turno, com redução do horário de trabalho, ao invés de ocupar os dois turnos habituais. Essa medida visa, principalmente, à redução de despesas, como gastos com energia elétrica, água, e, em alguns casos, combustível de veículos oficiais. No entanto, será que essa prática traz realmente mais benefícios do que prejuízos?
Um dos argumentos a favor do turno único é a economia aos cofres públicos, o que pode ser fundamental em tempos de austeridade fiscal. Com a redução de horas de funcionamento, a prefeitura poupa recursos, que podem ser redirecionados para áreas prioritárias, como saúde e educação. Além disso, os servidores podem aproveitar a flexibilização para se dedicarem a outras atividades, como estudos ou até mesmo uma atividade profissional secundária, o que pode melhorar a qualidade de vida dos funcionários.
Por outro lado, há quem critique a medida, afirmando que o turno único compromete a eficiência no atendimento à população. Para aqueles que dependem dos serviços municipais, o expediente reduzido pode dificultar o acesso, principalmente para quem só tem disponibilidade fora do horário de trabalho. Isso pode gerar filas, atrasos e até a sensação de que o serviço público é insuficiente para atender às necessidades dos cidadãos. Além disso, com menos horas de trabalho, o servidor público pode ser pressionado a intensificar suas atividades para dar conta da demanda, o que pode acarretar em estresse e diminuição da qualidade do serviço.
Outro ponto a se considerar é o impactar negativamente no comércio local, especialmente nas cidades onde a economia gira em torno do funcionamento dos órgãos públicos o que resulta em uma queda no movimento de lojas, restaurantes e estabelecimentos de prestação de serviços. Essa redução na circulação de pessoas diminui o fluxo de caixa dos comerciantes, que dependem desse público para manter suas receitas. Para pequenos e médios negócios, essa queda nas vendas pode representar um grande prejuízo, colocando em risco empregos e a sustentabilidade financeira de várias empresas locais.
Portanto, é válido questionar se o turno único em prefeituras é realmente uma solução eficiente ou se ele acaba, ao final, criando mais problemas do que resolve. Em vez de uma economia imediata, será que não seria mais benéfico um planejamento que garantisse eficiência nos gastos públicos, sem comprometer o atendimento à população?
Marcos Aurélio Nunes – Observador Regional