Sem dúvidas, o 2020 foi um ano extremamente desafiador em todos os aspectos. A incerteza do momento acometeu todos os setores. Contudo, em meio ao caos, algumas histórias floresceram, trazendo esperança para dias melhores. Um desses casos foi o da família Lorini. Moradores de Vista Alegre, os pais, Cristiane Fontana e Alessandro Lorini, cuidam da propriedade, onde têm produção leiteira. Os dois filhos, Vitor Augusto Lorini, de sete anos, e Kaynã Victor Lorini, de 13 anos, sempre ajudaram os pais na hora da ordenha, ainda assim, mantendo a escola em primeiro lugar.
No momento em que a pandemia de coronavírus começou, e as escolas de todo o Estado tiveram de ser fechadas, os dois iniciaram as aulas de forma remota. Kaynã, por ser mais velho que o irmão, conseguia acompanhar as atividades pelo computador e celular, na maioria das matérias sem depender que os pais o ajudassem. Já Vitor, por estar em fase inicial de alfabetização, teve o apoio constante da mãe e da professora Veroni de Azevedo, da Escola Narcizo Peretto, que enviava as atividades para casa dos alunos do 1º ano e recolhia após 15 dias, prazo que as crianças tinham para realizá-las, com auxílio dos pais.
O aprendizado que não se limita à sala de aula
Na casa dos Lorini, a logística para o aprendizado foi um pouco diferente do habitual, o que torna a história ainda mais única. Como a família realizava três ordenhas diárias, durante o dia, quem ia fazer este trabalho era Cristiane, e para não deixar o pequeno Vitor sozinho, a mãe o levava junto. A sala de ordenha era o local em que Vitor praticava o que aprendia com as atividades, onde, com um canetão e um pano com álcool cedidos pela mãe, ia escrevendo e desenhando o que estava aprendendo, apagava e escrevia novamente, até fixar o conteúdo. Foi por meio destes momentos que Vitor foi alfabetizado, sempre com o olhar atento da mãe, que o supervisionava.
Pela noite, quando o pai ficava responsável de fazer a ordenha e a mãe Cristiane voltava para casa, para atender os afazeres domésticos, continuavam as atividades. O filho mais velho também estava com trabalhos escolares a cumprir, e todos utilizavam destes momentos para completarem seus afazeres. Os pais, Cristiane e Alessandro, incentivavam os filhos a não apenas realizarem as atividades, mas aproveitarem o momento para estarem presentes com a família. Os celulares e computadores foram colocados de lado, e os quatro formavam uma equipe de apoio. Mesmo com adversidades, a união familiar fez a diferença. “Parabenizo a mãe, Cristiane, pela dedicação, pois eu contribuí mandando atividades variadas e me colocando à disposição para auxiliar, mas a dedicação dela foi dez. Queria que todos os alunos tivessem um acompanhamento assim em casa, pois desta forma a aprendizagem de nossos alunos seria satisfatória”, elogia a professora.
Colaborou: Yasmin Villanova
Fonte: O Alto Uruguai