é incrível como os anos passam depressa e como eles vão transformando geraÇÕes inteiras, às vezes levando consigo mais do que lhes é de direito.
Havemos de concordar que estamos em uma era tecnológica, cuja quantidade de informaÇÕes, em muitos momentos, parece amarrar nossas mentes. E, cada vez mais, há mais gente amarrada em si mesmo, enraizada à margem, tal qual uma palmeira.
Certo dia, quando voltava do trabalho, deparei-me com a mesma palmeira na beira da estrada. Observei-a como todos os dias, entretanto, o foco do meu olhar diário foi a margem. Sim! A palmeira está à margem de uma plantação e da estrada que muitos passam seguindo caminhos da vida, dos sonhos, do trabalho, diariamente. Está lá a palmeira, alimentando-se com suas raízes daquilo que a terra lhe oferece. Solitária, nem sabiás a encontram. A palmeira cresce a cada dia, porém, é impossível que ela desloque-se dali, da margem.
Neste ponto, pode você julgar normal o enraizamento da palmeira e sua permanência naquele local, à beira da estrada. Os anos continuam passando e com eles, mais e mais palmeiras estão ali, paradas, enraizadas, incapazes de sonharem com mudanças, incapazes simplesmente de sonhar.
Perto de todos nós estão aquelas crianças e jovens que enfrentam problemas tão sérios que consomem seus próprios sonhos, sua juventude, sua vontade de ser, de crescer, de andar, de estar à sombra e ao sol e não apenas no mundo alienante que temos nesse ambíguo contexto moderno. Uns preferem não ver e outros, aqueles que veem, nem sempre conseguem fazer com que eles próprios possam enxergar. é tão comum conhecermos pessoas incapazes de refletir sobre as coisas mais simples da vida. Sabem ler, mas não compreendem os caminhos que o mundo tecnológico e modernizado e, por vezes, traiÇÃOeiro nos oferece.
Desse modo, se assim permanecerem eles, sem sonhos, sem a capacidade de refletir, de questionar, de duvidar e buscar respostas concretas, cada dia mais e mais estarão como uma simples palmeira enraizada à beira da estrada, sem direcionarem-se a um caminho novo no qual gorjeiem os sabiás.
Postada originalmente em: 2016-08-24 03:00:00
Categoria original: Coluna Semanal
Fonte: Luciane Marangon Della Flora