O uso exagerado de diárias por parte de alguns vereadores tem gerado preocupação entre os cidadãos e levantado dúvidas quanto à real necessidade desses gastos. É inegável que viagens para buscar recursos e parcerias para o município podem ser essenciais, mas quando os gastos se tornam excessivos, comprometem o orçamento público e levantam questões sobre a transparência e a efetividade de tais deslocamentos.
As despesas de deslocamento, inscrições em cursos, pedágios e táxis são justificáveis em casos específicos e alinhados com interesses diretos da comunidade. No entanto, o aumento expressivo e repetitivo dessas despesas indica que há algo fora do normal. O que parece, muitas vezes, é que parte desses deslocamentos poderia ser substituída por meios mais econômicos, como reuniões online ou visitas mais planejadas, otimizando o uso dos recursos públicos.
O problema é ainda mais grave quando se considera que esses recursos poderiam ser redirecionados para áreas carentes, como saúde, educação e infraestrutura, necessidades que frequentemente sofrem com a falta de verbas. A responsabilidade financeira é uma obrigação dos vereadores, e o uso de recursos públicos exige cuidado e responsabilidade.
Por isso, é fundamental que o Legislativo se mostre comprometido com a transparência, disponibilizando detalhadamente os relatórios de viagens e justificando cada um dos gastos. O uso ético e responsável das diárias é um compromisso com os eleitores, que esperam ver o retorno desse investimento de forma concreta na qualidade de vida da população.
Em levantamento ainda em andamento, estima-se que as despesas com diárias, deslocamentos e inscrições em cursos entre os anos de 2021 e 2024, abrangendo os vereadores dos 21 municípios da região Celeiro, deverão alcançar valores entre 8 e 10 milhões de reais. Esse montante expressivo reforça a necessidade urgente de uma revisão das práticas de utilização dos recursos públicos, buscando uma aplicação mais criteriosa e responsável. O cidadão espera que os vereadores se comprometam com um uso mais racional dos recursos, direcionando esses investimentos para iniciativas que tragam impactos concretos e duradouros para a população, e não apenas para atender interesses pessoais ou de curto prazo.
Marcos Aurélio Nunes – Observador Regional