A greve de silêncio, que consiste na não concessão de entrevistas e repasse de informações à imprensa, por parte de delegados da Polícia Civil do Estado, irá prosseguir até haver uma resposta “efetiva, real e digna” do governo em relação à reivindicação de valorização salarial à categoria. A informação é do presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep), delegado Guilherme Yates Wondracek, em entrevista ao programa Aldeia Global, da Rádio Sepé.
De acordo com o delegado que está à frente da associação, o índice de perda da categoria, ao não haver há 10 anos um aumento considerado digno, fica em torno de 60% nesse período. Ainda conforme a Asdep, o que está sendo pedido é o valor referente a aproximadamente 40%, em três anos.
“O governo reconhece a importância, a necessidade, o nosso valor, o nosso trabalho, só que não traduz isso em proposta objetiva”, comenta o delegado ao mencionar a posição do Estado de que haveria a necessidade de serem realizados cálculos para se ter conhecimento de quanto seria a arrecadação com a diminuição de incentivos fiscais.
Conforme ele, somente em 2023, foram mais de 860 operações de médio e grande portes. Nesse contexto, o delegado menciona também as 16 mil prisões realizadas no mesmo período.
“Os índices de criminalidade estão baixando violentamente. Todos os indicadores de criminalidade foram reduzidos enormemente e o governo do Estado não reconhece isso. O governo do Estado faz propaganda dos bons índices da segurança pública. O governador quando publicamente fala, ele fala dos bons resultados da segurança pública da Polícia Civil nas suas redes sociais, na publicidade paga do governo do Estado”, menciona o presidente da Asdep.
Em relação aos serviços à comunidade, não ocorreram alterações, com os trabalhos nas delegacias de polícia. Segundo o presidente da associação, foram realizados quatro encontros com o governo do Estado.
“O governo não nos apresentou nada. Só nos disse que, com certeza, em janeiro o estado irá sair do regime prudencial, do regime de recuperação fiscal, e poderá então ver algum aumento para nós, a segurança pública como um todo. Em quatro encontros, só nos disse isso. Não fez nenhuma proposta. Nós apresentamos a proposta. E o governo não diz nada. Então diante do não avanço das negociações, os delegados, em assembleia-geral, decidiram, por unanimidade retornar essa medida de não conceder entrevistas e repassar dados de operações”, reforça o delegado.
Ainda conforme Wondracek, em 2019, os delegados de polícia do Rio Grande do Sul estavam em quarto lugar entre os mais bem pagos do Brasil. Hoje, ocupa a 15ª posição, indo para a 16ª, com o aumento concedido em Rondônia.
“Nós vamos permanecer com esse silêncio para a imprensa até que o governo nos faça uma proposta efetiva, real e digna. Não adianta vir com uma proposta vil que nós não aceitaremos, enquanto não vem uma proposta objetiva e digna. Isso os delegados, na assembleia, deixaram muito claro. Enquanto não vem uma proposta objetiva e digna não retomarão as entrevistas com a imprensa. Se não vier nada de positivo do governo do Estado, claro que temos outras medidas que poderão ser postas em prática que, com certeza, irão incomodar o governo”, diz o presidente da Asdep.
O que diz a instituição
Em relação a essa nova manifestação da Asdep, a Polícia Civil “assegura que o direito dos cidadãos à informação sobre suas ações enquanto instituição de Estado não será prejudicado. A Comunicação da Polícia Civil segue, como sempre, à disposição da imprensa para divulgar informações e resultados sobre as operações realizadas”.
Além disso, em nota, foi publicado que, “assim como a chefia da instituição, o governo estadual reitera o compromisso e a disposição para manter o diálogo com a categoria.”.
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Fonte: Grupo Sepé